Capitulo 1. O cantico dos canticos, que e de Salomao. Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor e o seu amor do que o vinho. Suave e o cheiro dos teus perfumes; como perfume derramado e o teu nome; por isso as donzelas te amam. Leva-me tu; correremos apos ti. O rei me introduziu nas suas recamaras; em ti nos alegraremos e nos regozijaremos; faremos menc,ao do teu amor mais do que do vinho; com razao te amam. Eu sou morena, mas formosa, o filhas de Jerusalem, como as tendas de Quedar, como as cortinas de Salomao. Nao repareis em eu ser morena, porque o sol crestou-me a tez; os filhos de minha mae indignaram-se contra mim, e me puseram por guarda de vinhas; a minha vinha, porem, nao guardei. Dize-me, o tu, a quem ama a minha alma: Onde apascentas o teu rebanho, onde o fazes deitar pelo meio-dia; pois, por que razao seria eu como a que anda errante pelos rebanhos de teus companheiros? Se nao o sabes, o tu, a mais formosa entre as mulheres, vai seguindo as pisadas das ovelhas, e apascenta os teus cabritos junto `as tendas dos pastores. A uma egua dos carros de Farao eu te comparo, o amada minha. Formosas sao as tuas faces entre as tuas tranc,as, e formoso o teu pescoc,o com os colares. Nos te faremos umas tranc,as de ouro, marchetadas de pontinhos de prata. Enquanto o rei se assentava `a sua mesa, dava o meu nardo o seu cheiro. O meu amado e para mim como um saquitel de mirra, que repousa entre os meus seios. O meu amado e para mim como um ramalhete de hena nas vinhas de En-Gedi. Eis que es formosa, o amada minha, eis que es formosa; os teus olhos sao como pombas. Eis que es formoso, o amado meu, como amavel es tambem; o nosso leito e vic,oso. As traves da nossa casa sao de cedro, e os caibros de cipreste.
Capitulo 2. Eu sou a rosa de Sarom, o lirio dos vales. Qual o lirio entre os espinhos, tal e a minha amada entre as filhas. Qual a macieira entre as arvores do bosque, tal e o meu amado entre os filhos; com grande gozo sentei-me `a sua sombra; e o seu fruto era doce ao meu paladar. Levou-me `a sala do banquete, e o seu estandarte sobre mim era o amor. Sustentai-me com passas, confortai-me com mac,as, porque desfalec,o de amor. A sua mao esquerda esteja debaixo da minha cabec,a, e a sua mao direita me abrace. Conjuro-vos, o filhas de Jerusalem, pelas gazelas e cervas do campo, que nao acordeis nem desperteis o amor, ate que ele o queira. A voz do meu amado! eis que vem ai, saltando sobre os montes, pulando sobre os outeiros. O meu amado e semelhante ao gamo, ou ao filho do veado; eis que esta detras da nossa parede, olhando pelas janelas, lanc,ando os olhos pelas grades. Fala o meu amado e me diz: Levanta-te, amada minha, formosa minha, e vem. Pois eis que ja passou o inverno; a chuva cessou, e se foi; aparecem as flores na terra; ja chegou o tempo de cantarem as aves, e a voz da rola ouve-se em nossa terra. A figueira comec,a a dar os seus primeiros figos; as vides estao em flor e exalam o seu aroma. Levanta-te, amada minha, formosa minha, e vem. Pomba minha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me o teu semblante faze-me ouvir a tua voz; porque a tua voz e doce, e o teu semblante formoso. Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal `as vinhas; pois as nossas vinhas estao em flor. O meu amado e meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lirios. Antes que refresque o dia, e fujam as sombras, volta, amado meu, e faze-te semelhante ao gamo ou ao filho dos veados sobre os montes de Beter.
Capitulo 3. De noite, em meu leito, busquei aquele a quem ama a minha alma; busquei-o, porem nao o achei. Levantar-me-ei, pois, e rodearei a cidade; pelas ruas e pelas prac,as buscarei aquele a quem ama a minha alma. Busquei-o, porem nao o achei. Encontraram-me os guardas que rondavam pela cidade; eu lhes perguntei: Vistes, porventura, aquele a quem ama a minha alma? Apenas me tinha apartado deles, quando achei aquele a quem ama a minha alma; detive-o, e nao o deixei ir embora, ate que o introduzi na casa de minha mae, na camara daquela que me concebeu: Conjuro-vos, o filhos de Jerusalem, pelas gazelas e cervas do campo, que nao acordeis, nem desperteis o amor, ate que ele o queira. Que e isso que sobe do deserto, como colunas de fumac,a, perfumado de mirra, de incenso, e de toda sorte de pos aromaticos do mercador? Eis que e a liteira de Salomao; estao ao redor dela sessenta valentes, dos valentes de Israel, todos armados de espadas, destros na guerra, cada um com a sua espada a cinta, por causa dos temores noturnos. O rei Salomao fez para si um palanquim de madeira do Libano. Fez-lhe as colunas de prata, o estrado de ouro, o assento de purpura, o interior carinhosamente revestido pelas filhas de Jerusalem. Sai, o filhas de Siao, e contemplai o rei Salomao com a coroa de que sua mae o coroou no dia do seu desposorio, no dia do jubilo do seu corac,ao.
Capitulo 4. Como es formosa, amada minha, eis que es formosa! os teus olhos sao como pombas por detras do teu veu; o teu cabelo e como o rebanho de cabras que descem pelas colinas de Gileade. Os teus dentes sao como o rebanho das ovelhas tosquiadas, que sobem do lavadouro, e das quais cada uma tem gemeos, e nenhuma delas e desfilhada. Os teus labios sao como um fio de escarlate, e a tua boca e formosa; as tuas faces sao como as metades de uma roma por detras do teu veu. O teu pescoc,o e como a torre de Davi, edificada para sala de armas; no qual pendem mil broqueis, todos escudos de guerreiros valentes. Os teus seios sao como dois filhos gemeos da gazela, que se apascentam entre os lirios. Antes que refresque o dia e fujam as sombras, irei ao monte da mirra e ao outeiro do incenso. Tu es toda formosa, amada minha, e em ti nao ha mancha. Vem comigo do Libano, noiva minha, vem comigo do Libano. Olha desde o cume de Amana, desde o cume de Senir e de Hermom, desde os covis dos leoes, desde os montes dos leopardos. Enlevaste-me o corac,ao, minha irma, noiva minha; enlevaste- me o corac,ao com um dos teus olhares, com um dos colares do teu pescoc,o. Quao doce e o teu amor, minha irma, noiva minha! quanto melhor e o teu amor do que o vinho! e o aroma dos teus ungueentos do que o de toda sorte de especiarias! Os teus labios destilam o mel, noiva minha; mel e leite estao debaixo da tua lingua, e o cheiro dos teus vestidos e como o cheiro do Libano. Jardim fechado e minha irma, minha noiva, sim, jardim fechado, fonte selada. Os teus renovos sao um pomar de romas, com frutos excelentes; a hena juntamente com nardo, o nardo, e o ac,afrao, o calamo, e o cinamomo, com toda sorte de arvores de incenso; a mirra e o aloes, com todas as principais especiarias. Es fonte de jardim, poc,o de aguas vivas, correntes que manam do Libano! Levanta-te, vento norte, e vem tu, vento sul; assopra no meu jardim, espalha os seus aromas. Entre o meu amado no seu jardim, e coma os seus frutos excelentes!
Capitulo 5. Venho ao meu jardim, minha irma, noiva minha, para colher a minha mirra com o meu balsamo, para comer o meu favo com o meu mel, e beber o meu vinho com o meu leite. Comei, amigos, bebei abundantemente, o amados. Eu dormia, mas o meu corac,ao velava. Eis a voz do meu amado! Esta batendo: Abre-me, minha irma, amada minha, pomba minha, minha imaculada; porque a minha cabec,a esta cheia de orvalho, os meus cabelos das gotas da noite. Ja despi a minha tunica; como a tornarei a vestir? ja lavei os meus pes; como os tornarei a sujar? O meu amado meteu a sua mao pela fresta da porta, e o meu corac,ao estremeceu por amor dele. Eu me levantei para abrir ao meu amado; e as minhas maos destilavam mirra, e os meus dedos gotejavam mirra sobre as aldravas da fechadura. Eu abri ao meu amado, mas ele ja se tinha retirado e ido embora. A minha alma tinha desfalecido quando ele falara. Busquei-o, mas nao o pude encontrar; chamei-o, porem ele nao me respondeu. Encontraram-me os guardas que rondavam pela cidade; espancaram-me, feriram-me; tiraram-me o manto os guardas dos muros. Conjuro-vos, o filhas de Jerusalem, se encontrardes o meu amado, que lhe digais que estou enferma de amor. Que e o teu amado mais do que outro amado, o tu, a mais formosa entre as mulheres? Que e o teu amado mais do que outro amado, para que assim nos conjures? O meu amado e candido e rubicundo, o primeiro entre dez mil. A sua cabec,a e como o ouro mais refinado, os seus cabelos sao crespos, pretos como o corvo. Os seus olhos sao como pombas junto `as correntes das aguas, lavados em leite, postos em engaste. As suas faces sao como um canteiro de balsamo, os montoes de ervas aromaticas; e os seus labios sao como lirios que gotejam mirra. Os seus brac,os sao como cilindros de ouro, guarnecidos de crisolitas; e o seu corpo e como obra de marfim, coberta de safiras. As suas pernas como colunas de marmore, colocadas sobre bases de ouro refinado; o seu semblante como o libano, excelente como os cedros. O seu falar e muitissimo suave; sim, ele e totalmente desejavel. Tal e o meu amado, e tal o meu amigo, o filhas de Jerusalem.
Capitulo 6. Para onde foi o teu amado, o tu, a mais formosa entre as mulheres? para onde se retirou o teu amado, a fim de que o busquemos juntamente contigo? O meu amado desceu ao seu jardim, aos canteiros de balsamo, para apascentar o rebanho nos jardins e para colher os lirios. Eu sou do meu amado, e o meu amado e meu; ele apascenta o rebanho entre os lirios. Formosa es, amada minha, como Tirza, aprazivel como Jerusalem, imponente como um exercito com bandeiras. Desvia de mim os teus olhos, porque eles me perturbam. O teu cabelo e como o rebanho de cabras que descem pelas colinas de Gileade. Os teus dentes sao como o rebanho de ovelhas que sobem do lavadouro, e das quais cada uma tem gemeos, e nenhuma delas e desfilhada. As tuas faces sao como as metades de uma roma, por detras do teu veu. Ha sessenta rainhas, oitenta concubinas, e virgens sem numero. Mas uma so e a minha pomba, a minha imaculada; ela e a unica de sua mae, a escolhida da que a deu `a luz. As filhas viram-na e lhe chamaram bem-aventurada; viram-na as rainhas e as concubinas, e louvaram-na. Quem e esta que aparece como a alva do dia, formosa como a lua, brilhante como o sol, imponente como um exercito com bandeiras? Desci ao jardim das nogueiras, para ver os renovos do vale, para ver se floresciam as vides e se as romanzeiras estavam em flor. Antes de eu o sentir, pos-me a minha alma nos carros do meu nobre povo. Volta, volta, o Sulamita; volta, volta, para que nos te vejamos. Por que quereis olhar para a Sulamita como para a danc,a de Maanaim?
Capitulo 7. Quao formosos sao os teus pes nas sandalias, o filha de principe! Os contornos das tuas coxas sao como joias, obra das maos de artista. O teu umbigo como uma tac,a redonda, a que nao falta bebida; o teu ventre como montao de trigo, cercado de lirios. Os teus seios sao como dois filhos gemeos da gazela. O teu pescoc,o como a torre de marfim; os teus olhos como as piscinas de Hesbom, junto `a porta de Bate-Rabim; o teu nariz e como torre do Libano, que olha para Damasco. A tua cabec,a sobre ti e como o monte Carmelo, e os cabelos da tua cabec,a como a purpura; o rei esta preso pelas tuas tranc,as. Quao formosa, e quao aprazivel es, o amor em delicias! Essa tua estatura e semelhante `a palmeira, e os teus seios aos cachos de uvas. Disse eu: Subirei `a palmeira, pegarei em seus ramos; entao sejam os teus seios como os cachos da vide, e o cheiro do teu folego como o das mac,as, e os teus beijos como o bom vinho para o meu amado, que se bebe suavemente, e se escoa pelos labios e dentes. Eu sou do meu amado, e o seu amor e por mim. Vem, o amado meu, saiamos ao campo, passemos as noites nas aldeias. Levantemo-nos de manha para ir `as vinhas, vejamos se florescem as vides, se estao abertas as suas flores, e se as romanzeiras ja estao em flor; ali te darei o meu amor. As mandragoras exalam perfume, e `as nossas portas ha toda sorte de excelentes frutos, novos e velhos; eu os guardei para ti, o meu amado.
Capitulo 8. Ah! quem me dera que foras como meu irmao, que mamou os seios de minha mae! quando eu te encontrasse la fora, eu te beijaria; e nao me desprezariam! Eu te levaria e te introduziria na casa de minha mae, e tu me instruirias; eu te daria a beber vinho aromatico, o mosto das minhas romas. A sua mao esquerda estaria debaixo da minha cabec,a, e a sua direita me abrac,aria. Conjuro-vos, o filhas de Jerusalem, que nao acordeis nem desperteis o amor, ate que ele o queira. Quem e esta que sobe do deserto, e vem encostada ao seu amado? Debaixo da macieira te despertei; ali esteve tua mae com dores; ali esteve com dores aquela que te deu `a luz. Poe-me como selo sobre o teu corac,ao, como selo sobre o teu brac,o; porque o amor e forte como a morte; o ciume e cruel como o Seol; a sua chama e chama de fogo, verdadeira labareda do Senhor. As muitas aguas nao podem apagar o amor, nem os rios afoga- lo. Se alguem oferecesse todos os bens de sua casa pelo amor, seria de todo desprezado. Temos uma irma pequena, que ainda nao tem seios; que faremos por nossa irma, no dia em que ela for pedida em casamento? Se ela for um muro, edificaremos sobre ela uma torrezinha de prata; e, se ela for uma porta, cerca-la-emos com tabuas de cedro. Eu era um muro, e os meus seios eram como as suas torres; entao eu era aos seus olhos como aquela que acha paz. Teve Salomao uma vinha em Baal-Hamom; arrendou essa vinha a uns guardas; e cada um lhe devia trazer pelo seu fruto mil pec,as de prata. A minha vinha que me pertence esta diante de mim; tu, o Salomao, teras as mil pec,as de prata, e os que guardam o fruto terao duzentas. c, tu, que habitas nos jardins, os companheiros estao atentos para ouvir a tua voz; faze-me, pois, tambem ouvi-la: Vem depressa, amado meu, e faze-te semelhante ao gamo ou ao filho da gazela sobre os montes dos aromas.
Capitulo 2. Eu sou a rosa de Sarom, o lirio dos vales. Qual o lirio entre os espinhos, tal e a minha amada entre as filhas. Qual a macieira entre as arvores do bosque, tal e o meu amado entre os filhos; com grande gozo sentei-me `a sua sombra; e o seu fruto era doce ao meu paladar. Levou-me `a sala do banquete, e o seu estandarte sobre mim era o amor. Sustentai-me com passas, confortai-me com mac,as, porque desfalec,o de amor. A sua mao esquerda esteja debaixo da minha cabec,a, e a sua mao direita me abrace. Conjuro-vos, o filhas de Jerusalem, pelas gazelas e cervas do campo, que nao acordeis nem desperteis o amor, ate que ele o queira. A voz do meu amado! eis que vem ai, saltando sobre os montes, pulando sobre os outeiros. O meu amado e semelhante ao gamo, ou ao filho do veado; eis que esta detras da nossa parede, olhando pelas janelas, lanc,ando os olhos pelas grades. Fala o meu amado e me diz: Levanta-te, amada minha, formosa minha, e vem. Pois eis que ja passou o inverno; a chuva cessou, e se foi; aparecem as flores na terra; ja chegou o tempo de cantarem as aves, e a voz da rola ouve-se em nossa terra. A figueira comec,a a dar os seus primeiros figos; as vides estao em flor e exalam o seu aroma. Levanta-te, amada minha, formosa minha, e vem. Pomba minha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me o teu semblante faze-me ouvir a tua voz; porque a tua voz e doce, e o teu semblante formoso. Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal `as vinhas; pois as nossas vinhas estao em flor. O meu amado e meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lirios. Antes que refresque o dia, e fujam as sombras, volta, amado meu, e faze-te semelhante ao gamo ou ao filho dos veados sobre os montes de Beter.
Capitulo 3. De noite, em meu leito, busquei aquele a quem ama a minha alma; busquei-o, porem nao o achei. Levantar-me-ei, pois, e rodearei a cidade; pelas ruas e pelas prac,as buscarei aquele a quem ama a minha alma. Busquei-o, porem nao o achei. Encontraram-me os guardas que rondavam pela cidade; eu lhes perguntei: Vistes, porventura, aquele a quem ama a minha alma? Apenas me tinha apartado deles, quando achei aquele a quem ama a minha alma; detive-o, e nao o deixei ir embora, ate que o introduzi na casa de minha mae, na camara daquela que me concebeu: Conjuro-vos, o filhos de Jerusalem, pelas gazelas e cervas do campo, que nao acordeis, nem desperteis o amor, ate que ele o queira. Que e isso que sobe do deserto, como colunas de fumac,a, perfumado de mirra, de incenso, e de toda sorte de pos aromaticos do mercador? Eis que e a liteira de Salomao; estao ao redor dela sessenta valentes, dos valentes de Israel, todos armados de espadas, destros na guerra, cada um com a sua espada a cinta, por causa dos temores noturnos. O rei Salomao fez para si um palanquim de madeira do Libano. Fez-lhe as colunas de prata, o estrado de ouro, o assento de purpura, o interior carinhosamente revestido pelas filhas de Jerusalem. Sai, o filhas de Siao, e contemplai o rei Salomao com a coroa de que sua mae o coroou no dia do seu desposorio, no dia do jubilo do seu corac,ao.
Capitulo 4. Como es formosa, amada minha, eis que es formosa! os teus olhos sao como pombas por detras do teu veu; o teu cabelo e como o rebanho de cabras que descem pelas colinas de Gileade. Os teus dentes sao como o rebanho das ovelhas tosquiadas, que sobem do lavadouro, e das quais cada uma tem gemeos, e nenhuma delas e desfilhada. Os teus labios sao como um fio de escarlate, e a tua boca e formosa; as tuas faces sao como as metades de uma roma por detras do teu veu. O teu pescoc,o e como a torre de Davi, edificada para sala de armas; no qual pendem mil broqueis, todos escudos de guerreiros valentes. Os teus seios sao como dois filhos gemeos da gazela, que se apascentam entre os lirios. Antes que refresque o dia e fujam as sombras, irei ao monte da mirra e ao outeiro do incenso. Tu es toda formosa, amada minha, e em ti nao ha mancha. Vem comigo do Libano, noiva minha, vem comigo do Libano. Olha desde o cume de Amana, desde o cume de Senir e de Hermom, desde os covis dos leoes, desde os montes dos leopardos. Enlevaste-me o corac,ao, minha irma, noiva minha; enlevaste- me o corac,ao com um dos teus olhares, com um dos colares do teu pescoc,o. Quao doce e o teu amor, minha irma, noiva minha! quanto melhor e o teu amor do que o vinho! e o aroma dos teus ungueentos do que o de toda sorte de especiarias! Os teus labios destilam o mel, noiva minha; mel e leite estao debaixo da tua lingua, e o cheiro dos teus vestidos e como o cheiro do Libano. Jardim fechado e minha irma, minha noiva, sim, jardim fechado, fonte selada. Os teus renovos sao um pomar de romas, com frutos excelentes; a hena juntamente com nardo, o nardo, e o ac,afrao, o calamo, e o cinamomo, com toda sorte de arvores de incenso; a mirra e o aloes, com todas as principais especiarias. Es fonte de jardim, poc,o de aguas vivas, correntes que manam do Libano! Levanta-te, vento norte, e vem tu, vento sul; assopra no meu jardim, espalha os seus aromas. Entre o meu amado no seu jardim, e coma os seus frutos excelentes!
Capitulo 5. Venho ao meu jardim, minha irma, noiva minha, para colher a minha mirra com o meu balsamo, para comer o meu favo com o meu mel, e beber o meu vinho com o meu leite. Comei, amigos, bebei abundantemente, o amados. Eu dormia, mas o meu corac,ao velava. Eis a voz do meu amado! Esta batendo: Abre-me, minha irma, amada minha, pomba minha, minha imaculada; porque a minha cabec,a esta cheia de orvalho, os meus cabelos das gotas da noite. Ja despi a minha tunica; como a tornarei a vestir? ja lavei os meus pes; como os tornarei a sujar? O meu amado meteu a sua mao pela fresta da porta, e o meu corac,ao estremeceu por amor dele. Eu me levantei para abrir ao meu amado; e as minhas maos destilavam mirra, e os meus dedos gotejavam mirra sobre as aldravas da fechadura. Eu abri ao meu amado, mas ele ja se tinha retirado e ido embora. A minha alma tinha desfalecido quando ele falara. Busquei-o, mas nao o pude encontrar; chamei-o, porem ele nao me respondeu. Encontraram-me os guardas que rondavam pela cidade; espancaram-me, feriram-me; tiraram-me o manto os guardas dos muros. Conjuro-vos, o filhas de Jerusalem, se encontrardes o meu amado, que lhe digais que estou enferma de amor. Que e o teu amado mais do que outro amado, o tu, a mais formosa entre as mulheres? Que e o teu amado mais do que outro amado, para que assim nos conjures? O meu amado e candido e rubicundo, o primeiro entre dez mil. A sua cabec,a e como o ouro mais refinado, os seus cabelos sao crespos, pretos como o corvo. Os seus olhos sao como pombas junto `as correntes das aguas, lavados em leite, postos em engaste. As suas faces sao como um canteiro de balsamo, os montoes de ervas aromaticas; e os seus labios sao como lirios que gotejam mirra. Os seus brac,os sao como cilindros de ouro, guarnecidos de crisolitas; e o seu corpo e como obra de marfim, coberta de safiras. As suas pernas como colunas de marmore, colocadas sobre bases de ouro refinado; o seu semblante como o libano, excelente como os cedros. O seu falar e muitissimo suave; sim, ele e totalmente desejavel. Tal e o meu amado, e tal o meu amigo, o filhas de Jerusalem.
Capitulo 6. Para onde foi o teu amado, o tu, a mais formosa entre as mulheres? para onde se retirou o teu amado, a fim de que o busquemos juntamente contigo? O meu amado desceu ao seu jardim, aos canteiros de balsamo, para apascentar o rebanho nos jardins e para colher os lirios. Eu sou do meu amado, e o meu amado e meu; ele apascenta o rebanho entre os lirios. Formosa es, amada minha, como Tirza, aprazivel como Jerusalem, imponente como um exercito com bandeiras. Desvia de mim os teus olhos, porque eles me perturbam. O teu cabelo e como o rebanho de cabras que descem pelas colinas de Gileade. Os teus dentes sao como o rebanho de ovelhas que sobem do lavadouro, e das quais cada uma tem gemeos, e nenhuma delas e desfilhada. As tuas faces sao como as metades de uma roma, por detras do teu veu. Ha sessenta rainhas, oitenta concubinas, e virgens sem numero. Mas uma so e a minha pomba, a minha imaculada; ela e a unica de sua mae, a escolhida da que a deu `a luz. As filhas viram-na e lhe chamaram bem-aventurada; viram-na as rainhas e as concubinas, e louvaram-na. Quem e esta que aparece como a alva do dia, formosa como a lua, brilhante como o sol, imponente como um exercito com bandeiras? Desci ao jardim das nogueiras, para ver os renovos do vale, para ver se floresciam as vides e se as romanzeiras estavam em flor. Antes de eu o sentir, pos-me a minha alma nos carros do meu nobre povo. Volta, volta, o Sulamita; volta, volta, para que nos te vejamos. Por que quereis olhar para a Sulamita como para a danc,a de Maanaim?
Capitulo 7. Quao formosos sao os teus pes nas sandalias, o filha de principe! Os contornos das tuas coxas sao como joias, obra das maos de artista. O teu umbigo como uma tac,a redonda, a que nao falta bebida; o teu ventre como montao de trigo, cercado de lirios. Os teus seios sao como dois filhos gemeos da gazela. O teu pescoc,o como a torre de marfim; os teus olhos como as piscinas de Hesbom, junto `a porta de Bate-Rabim; o teu nariz e como torre do Libano, que olha para Damasco. A tua cabec,a sobre ti e como o monte Carmelo, e os cabelos da tua cabec,a como a purpura; o rei esta preso pelas tuas tranc,as. Quao formosa, e quao aprazivel es, o amor em delicias! Essa tua estatura e semelhante `a palmeira, e os teus seios aos cachos de uvas. Disse eu: Subirei `a palmeira, pegarei em seus ramos; entao sejam os teus seios como os cachos da vide, e o cheiro do teu folego como o das mac,as, e os teus beijos como o bom vinho para o meu amado, que se bebe suavemente, e se escoa pelos labios e dentes. Eu sou do meu amado, e o seu amor e por mim. Vem, o amado meu, saiamos ao campo, passemos as noites nas aldeias. Levantemo-nos de manha para ir `as vinhas, vejamos se florescem as vides, se estao abertas as suas flores, e se as romanzeiras ja estao em flor; ali te darei o meu amor. As mandragoras exalam perfume, e `as nossas portas ha toda sorte de excelentes frutos, novos e velhos; eu os guardei para ti, o meu amado.
Capitulo 8. Ah! quem me dera que foras como meu irmao, que mamou os seios de minha mae! quando eu te encontrasse la fora, eu te beijaria; e nao me desprezariam! Eu te levaria e te introduziria na casa de minha mae, e tu me instruirias; eu te daria a beber vinho aromatico, o mosto das minhas romas. A sua mao esquerda estaria debaixo da minha cabec,a, e a sua direita me abrac,aria. Conjuro-vos, o filhas de Jerusalem, que nao acordeis nem desperteis o amor, ate que ele o queira. Quem e esta que sobe do deserto, e vem encostada ao seu amado? Debaixo da macieira te despertei; ali esteve tua mae com dores; ali esteve com dores aquela que te deu `a luz. Poe-me como selo sobre o teu corac,ao, como selo sobre o teu brac,o; porque o amor e forte como a morte; o ciume e cruel como o Seol; a sua chama e chama de fogo, verdadeira labareda do Senhor. As muitas aguas nao podem apagar o amor, nem os rios afoga- lo. Se alguem oferecesse todos os bens de sua casa pelo amor, seria de todo desprezado. Temos uma irma pequena, que ainda nao tem seios; que faremos por nossa irma, no dia em que ela for pedida em casamento? Se ela for um muro, edificaremos sobre ela uma torrezinha de prata; e, se ela for uma porta, cerca-la-emos com tabuas de cedro. Eu era um muro, e os meus seios eram como as suas torres; entao eu era aos seus olhos como aquela que acha paz. Teve Salomao uma vinha em Baal-Hamom; arrendou essa vinha a uns guardas; e cada um lhe devia trazer pelo seu fruto mil pec,as de prata. A minha vinha que me pertence esta diante de mim; tu, o Salomao, teras as mil pec,as de prata, e os que guardam o fruto terao duzentas. c, tu, que habitas nos jardins, os companheiros estao atentos para ouvir a tua voz; faze-me, pois, tambem ouvi-la: Vem depressa, amado meu, e faze-te semelhante ao gamo ou ao filho da gazela sobre os montes dos aromas.